segunda-feira, 13 de abril de 2009

O AUTOR EM CLOSE


              

  name="n4" align="middle" allowScriptAccess="sameDomain" allowFullScreen="false" type="application/x-shockwave-flash" pluginspage="http://www.adobe.com/go/getflashplayer" />

sexta-feira, 10 de abril de 2009

PROSTITUIÇÃO PELO VÍCIO



Mulheres trocam suas noites de sono para trabalharem nas ruas se prostituindo, assim mantendo seus vícios com as drogas. Essa é a realidade de muitas, também, aqui em Fortaleza.



Ambulantes nas calçadas, trabalhadores descansando nos bancos, pessoas caminhando e se cruzando em meio a praça, e um pouco mais a frente, estacionada uma viatura do Ronda do Quarteirão. Essa é a configuração do Passeio Público de Fortaleza, no período matutino, que à noite se converte em um cenário desértico, sem segurança, com alto consumo de drogas e prostituição. Local onde trabalha Michele de 23 anos, com uma saia jeans e um top vermelho, fumando ‘crack’ na esquina. Enquanto espera um cliente, conversa com uma colega de trabalho. Ao ser indagada se conseguia fazer o programa sob o efeito da droga, disse: “É até melhor, assim não me lembro do que fiz.” Ela comenta que nunca pensou em se prostituir, só entrou na profissão para sustentar seu vício, pois seus pais já não davam mais dinheiro quando souberam que a filha era usuária, e concluiu que se eles soubessem a colocaria para fora de casa. Além de consumir ‘crack’, ela diz ser usuária de maconha e cocaína. Ao fazer o programa drogada, raramente volta para casa, prefere ir para casa de alguma amiga a ouvir reclamações de seus pais. Michele fala que começou a usar drogas como todos da turma dela: “Resolvemos experimentar só pra saber como era, daí começamos a usar cada vez mais, agora não consigo largar”. Jaqueline, conhecida por Rayna, também se prostitui no Passeio Público para sustentar os dois filhos que ficam em casa com sua mãe enquanto ela trabalha. O dinheiro que ela irá trazer para casa no dia seguinte não será somente usado no sustento da casa, mas também para manter seu vício. “Se não fossem as drogas, dava para gente sobreviver só com o dinheiro que minha mãe recebe da aposentadoria, ela sabe que faço isso, mas não diz nada”. Ainda afirma que o vício é antigo, “Faz tanto tempo que uso que nem sei quando comecei”.
Diferente de Jaqueline e Michele, Maria Joana, a "Paula Scarlet" seu nome de "guerreira" como ela diz, da Avenida José Bastos, já tentou várias vezes parar de usar drogas. Maria é usuária de ‘crack’ e cocaína há 15 anos. Foi retirada da escola pela mãe para vender balas no sinal, abusada sexualmente aos nove anos de idade começou a se prostituir. Achou na prostituição uma maneira mais fácil de ganhar dinheiro. Foi nessa época que Maria se tornou usuária. “Usava drogas pra poder me prostituir, não conseguia ir pra cama sem me drogar”. Hoje, com 24 anos diz que não sabe quando vai sair “dessa vida”, na qual se arrepende de ter entrado. Várias vezes tentou mudar de vida, mas não conseguiu. Ela ainda afirma que há clientes que pedem para que ela, durante a relação sexual, use drogas com eles. “O sexo fica melhor, consigo até sentir prazer”. O uso de algumas drogas altera o estado normal das pessoas, provocando alucinações, excitações e uma grande euforia.
A relação entre prostituição e drogas não vem de hoje. É certo dizer que muitas pessoas entram nas drogas através da prostituição, mas será que é possível considerarmos que existam pessoas que entram na prostituição para manterem as drogas? A resposta é sim, segundo pesquisa realizada pela Faculdade de Direito da USP. A pesquisa relata que mulheres usuárias de drogas entram na prostituição para sustentar o vício. As causas desse ingresso são: o ambiente familiar desestruturado, a vida escolar interrompida, privação sócio-econômica, abuso sexual ou físico enquanto criança, “sem-teto” e envolvimento com o crime como fatores de risco comuns para essa relação. A prostituição não é, nesse caso, uma escolha, e sim uma saída mais segura do que o roubo para manter o vício.
O abuso das drogas acarreta outros problemas de saúde, pois o descontrole implica em descuido, como o uso de camisinha potencializando o risco de gravidez indesejada e Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST`s). Algumas “profissionais do sexo” chegam a trabalhar dia e noite para manter-se sob efeito das drogas. No entanto, a maior parte das mulheres que se prostituem não tem objetivo de adquirir drogas, mas se sustentar
Em relação à recuperação, não é apenas necessário a abstinência das drogas, mas sim, também, a da prostituição. A literatura dos Narcóticos Anônimos (N.A) sugere que o recuperando mude de comportamento e hábitos, evitando pessoas e locais que antes freqüentava. Porém a continuação desse tratamento não é possível sem a reinserção social do paciente, mas para isso é preciso que haja uma parceria entre Órgãos Governamentais, ONGs e Centros de Tratamentos.

Rogério Maia e Luanna Andrade