sexta-feira, 21 de agosto de 2009

INSÔNIA...


Debatido e deitado, sem sono estava. Parecia uma massa de modelar na mão de uma criança, girando para lá e para cá sobre a cama, como pendulo daqueles relógios antigos. Uma impaciência tomava cada vez mais conta de mim, decido então levantar-me e seguir em direção a uma jarra que estava na escrivaninha ali perto da janela, bebo um pouco d’água na esperança de acalmar a agitação que em mim estava. E o pior: não sei por quê. Talvez até saiba, talvez não queira seja assumir que é por causa dela que estou assim: perdendo noites de sono. Uma semana e meia já se fora e eu aqui pateta, esperançoso a espera de uma ligação que não chega a mim. Será que a companhia telefônica bloqueou meu telefone, talvez tenha tentado ligar para mim e não tenha conseguido. Ah, quem quero enganar? Hoje mesmo recebi uma ligação de um tal de Paulo atrás de uma tal de Raquel. Idiota! Só para, momentaneamente, me alegrar. É muita burrice uma pessoa discar um número errado. Ainda mais de madrugada pra piorar. Imbecíl!
Sentado na mesinha, agora estava eu, depois de ouvir o sinal de linha do telefone que estava normal, olhando para a lua minguante, lembrando-me dela. Da nossa primeira noite juntos. Era noite de lua minguante e olhe que coincidência também era dia 23 e também uma terça. Lembro de cada detalhe de seu sorriso, sua boca, seu olhar, seu corpo, suas mãos, sua pele... Decido caminhar pelo quarto, o relógio já marcava três e meia da manhã quando de repente o chão começa a tremer. Amedrontado me afasto de todos os móveis do quarto. Será um terremoto? O chão afunda e vai caindo e com ele eu também, mas sua velocidade é maior que a gravidade que me puxa para baixo, o chão descendo e eu acompanhando, mas vejo cada vez ele mais longe de mim, ai que medo, já imagino a qualquer momento ele parar de cair e eu cair sobre ele como uma melancia que cai duma mesa e se espalha por toda parte em vários pedaços. O coração palpita mais forte, aumenta a ânsia de aquilo passar logo, ter um fim. Rezo a Deus para eu morrer logo do coração para não me ver cair e nem sentir a imensa dor que sentirei, ah. Ao meu redor só escuridão e poeira. Tudo isso é culpa dela! Tudo isso é culpa dela! Não consigo ver, mas sinto que o chão e o fim estão próximos, palpitação, calafrios, arrepio, gritos... Ahhh. O que é aquilo? Uma luz? Está esquentando. É o fim. É fogo. Amandaaaaaaaaaaaaaa. Acordo todo molhado de suor. No relógio ainda são 10 horas e vinte e cinco minutos desta noite de segunda feira, dia 22. Ave, mais uma noite. Sem ela.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

A PRIORIDADE DEVE SER A PREVENÇÃO


Em um exercício pedido por um dos professores do TJA, foram apresentadas várias peças curtas (esquetes). A personagem de uma amiga minha, em uma dessas apresentações era a "mulher do diabo", mas que no lugar de um par de chifres estava com uma cabeça de vaca (foto). Durante a apresentação foi perguntado à ela, propositalmente, por outra personagem o significava aquela cabeça de vaca e ela disse : ”É que o figurino do Theatro que tá pobre”. Isso foi motivo de risada no momento, mas por trás nos fazia refletir que isso, realmente, é verdade. Essas pequenas coisas também merecem atenção, pois quando não se dá, fica facilmente perceptivel a olho nú que há descaso de alguns...
Espelhos oxidados, barras de ferros da sala de dança enferrujando-se, pisos de madeira sendo danificados, condicionadores de ar quebrados, lâmpadas queimadas, pinturas desprendendo-se de algumas paredes, enfim, aqui acolá mais algumas pequenas coisas que são notadas com facilidade, sem serem procuradas por quem quer que adentre no TJA. Isso é um descaso da Secretaria da Cultura junto ao Governo Estadual, pois ambos deveriam e devem investir mais em Educação, Arte e Cultura do que dá prioridade, imediatas, a segurança, que resolvem em parte agora, mas não para toda a vida. Gastos milhões em carros para estarem sendo, em alguns casos, servindo de enfeites para passeios e mostrando rigorosidade na televisão, coisa que é nela bem mais exagerada do que na realidade.
Enfim, esse trio (Arte, Educação e Cultura) faz com que nossas crianças não tenham tempo ocioso e fiquem nas ruas aprendendo coisas erradas, assim evitando que elas tornem-se os futuros “bandidos” de amanhã, pois como diz aquele conhecido ditado popular: é muito melhor prevenir do que remediar. E atualmente o Governo está só remediando.
crédito da foto:VELMA ZEHD

AH, ISSO É UM TEATRO!


Uma senhora passa em frente ao Theatro José de Alencar e faz o sinal da cruz, continuando seu caminho. Essa cena já foi vista algumas vezes por mim Chega a ser engraçado! Outro dia na aula lá, conversado com o professor sobre isso (a falta de informação das pessoas para com o TJA) e contei esse fato, outro aluno da turma disse que certa vez, também, uma senhora o parou nas mesmas condições onde eu estava: em frente ao teatro, e o perguntou para onde ia o trem daquela estação.
Assim como essas senhoras, aqui em Fortaleza existem muitas pessoas que não sabem que o TJA é um teatro. Eu, pelo menos, antes de fazer o Curso Princípios Básicos de Teatro lá até sabia que lá era um teatro, só que pensava que para entrar tinha que pagar e que fosse um pouco caro. Igualmente a mim, muitos não tinham, e alguns ainda não têm o conhecimento de que aproximadamente 80% da programação dele é gratuita.
A maior diversão dos cearenses, dados de pesquisa do IBGE, em termos de entretenimento a arte e cultura é a televisão. Isso deveria ser aproveitado! O Governo do Estado do Ceará sabendo disso deveria divulgar nela programações e fazer convites aos cearenses para conhecerem seu próprio estado e dele usufruir. Pra se ter idéia disso tudo: certa vez uma professora nossa de lá nos disse que nem sequer 1% da população de Fortaleza tem acesso ao TJA. Esse é um fato triste, pois um dos melhores teatros do Ceará é pouco visitado por quem mora aqui no estado e boa parte por falta de conhecimento. Ele é atualmente para mim uma casa e sempre que consigo levo gente nova para conhecê-lo e que depois voltam trazendo mais e mais pessoas. Não sou só eu penso assim, inclusive esse assunto já foi discutido por várias vezes em conversas e também em sala de aula e ainda é muito freqüente. O Governo do Estado deveria se preocupar mais com isso, para que assim houvesse uma maior difusão da Arte e Cultua no Estado
O Theatro José de Alencar é um espaço agradável e de bela estrutura que, como já disse, deve ser mais aproveitado mas não só por alunos, pessoas que já o conhece e por turistas, mas sim também pelo Ceará. Falando em turistas, lembrei de uma vez quando estava e conversando com uma finlandesa na Biblioteca Pública e ela me falou duas coisas que me chamaram a atenção quando a perguntei se já havia visitado TJA. Ela disse-me que na Finlândia tem um teatro muito bom, mas que o TJA é mais bonito e melhor em termos de estrutura e receptividade dos funcionários, mas que não era muito aproveitado, como algumas pessoas me disseram e eu também falei aqui. Ela estava há três meses aqui em Fortaleza trabalhando com seu marido junto a uma Organização não-governamental nas favelas próximas a Praia do Futuro e que lá, a maioria das pessoas nem sabia da existência dele, e as poucas que sabiam nunca haviam nele entrado. Ela disse também que percebeu encantamento nos olhos de algumas crianças e adolescentes de uma comunidade que uma vez foi visitá-lo, com ela e alguns integrantes da ONG, através do programa Visita Guiada que no TJA que ocorre em vários horários todos os dias de seu funcionamento.
A solução para esse “problema”, como já foi dito nesta, seria uma divulgação mais intensa da arte e da cultura cearense por conta do Governo Estadual, e Municipal também, nos meios de comunicação mais populares como a TV e o rádio. Mas não só o TJA, divulgar também outros espaços como Museus, Bibliotecas e Centros Culturais para que nossos patrimônios históricos não sejam apenas prédios sem vida, sem visitas, esquecidos por seus conterrâneos. Só assim, intensificando a Arte e a Cultura no Ceará através da exposição, é que diminuirá os casos de pessoas que passem na frente deles sem saber o que eles são e o que e fazem.

PRECONCEITO É FALTA DE CULTURA?



Tenho um amigo que, sempre que passamos por um homossexual, diz o seguinte: ”Rogério, não sei por que mais não gosto de ver essas viadagens, não vou nem mentir pra ficar preto”. Sempre que escuto isso por parte dele fico “p” da vida, fico triste com isso, pois vejo nele a ignorância de muitos tem, ele esta nessa fala demonstrando dois preconceitos: o racial e o sexual.
Para mim, é inaceitável pensar que as pessoas julguem outras por diferenças, gostos e/ou escolha. Estas , assim como ele não teen a consciência que as diferenças devem ser aceitas , pois essas diferenças não são coisas de outro mundo, como alguns falam usando como preceitos a educação familiar e a religião. Também não são coisas erradas até porque essa questão de certo e errado é relativo. O que pra mim é errado, pode ser visto de maneira apenas diferente ou até normal por João, Maria, Raimundo...
Ao longo da história, o preconceito gerou vários conflitos e situações não satisfatórias, como as guerras por causa de rivalidades de igrejas (preconceito religioso), a escravidão (preconceito racial), etc. Mas pior ainda são as pessoas que são de “um jeito” e criticam outras que também estão do mesmo jeito. Compliquei? Pois, para que entenda se melhor vou exemplificar com duas situações: A primeira é que conheço algumas pessoas que são altamente racistas, não vou citar nomes, mas é inaceitável, ainda mais, por elas serem “negras”. Entendeu? Pessoas negras racistas . Em termos de negritude, hoje em dia, devemos falar politicamente correto (bobagem), substituindo a palavra “negros” por afro descendentes. Essa atitude é uma forma preconceituosa de tratamos “negros”. Acho tudo isso uma besteira ate por que a palavra NEGRO/NEGRA é uma palavra muito bonita, tem todo um carinho por trás (Vem cá minha neguinha!). É falta de consciência usar essa palavra para criticar, como esse meu amigo quando diz: “não vou nem mentir pra ficar preto ‘. Como se fosse um castigo ou uma coisa ruim ter a pele um pouco mais escura ou então falar “viado!” para um homem para ofendê-lo como se isso fosse realmente uma ofensa.O outra situação ocorreu no Theatro José de Alencar quando um colega meu do curso de teatro, que é homossexual, criticou outro colega nosso, que também é homossexual assim como ele, pelo seu jeito “afeminado”. Disse que isso era exagero, que não necessariamente por ser gay tinha que se comportar de forma feminina, indefesa , sensível. Não sei quem foi pior, se foi a pessoa “afro descendente” sendo racista ou o homossexual praticando homofobia.Talvez, um não se sobreponha ao outro , os dois estão errados.
Enfim, devemos aprender a aceitar e conviver com as diferenças, independente de qual seja..mas já desde criança pois a culpa não é só nossa , parte dela é da criação/educação que recebemos, mas temos que desenvolver um senso critico a isso. Ensinar a nossas crianças a não terem preconceitos.
E a resposta ao titulo desta crônica é sim, pois ainda vivemos numa cultura machista, com exceção de algumas pessoas - claro, onde a mulher “deve”ser inferior ao homem, onde as escolhas sexual e religiosa são vistas com um olhar torto e o racismo é ainda praticado.