terça-feira, 30 de junho de 2009

INSÔNIA



Debatido e deitado, sem sono estava. Parecia uma massa de modelar na mão de uma criança, girando para lá e para cá sobre a cama, como pendulo daqueles relógios antigos. Uma impaciência tomava cada vez mais conta de mim, decido então levantar-me e seguir em direção a uma jarra que estava na escrivaninha ali perto da janela, bebo um pouco d’água na esperança de acalmar a agitação que em mim estava. E o pior: não sei por quê. Talvez até saiba, talvez não queira seja assumir que é por causa dela que estou assim: perdendo noites de sono. Uma semana e meia já se fora e eu aqui pateta, esperançoso a espera de uma ligação que não chega a mim. Será que a companhia telefônica bloqueou meu telefone, talvez tenha tentado ligar para mim e não tenha conseguido. Ah, quem quero enganar? Hoje mesmo recebi uma ligação de um tal de Paulo atrás de uma tal de Raquel. Idiota! Só para, momentaneamente, me alegrar. É muita burrice uma pessoa discar um número errado. Ainda mais de madrugada pra piorar. Imbecíl!
Sentado na mesinha, agora estava eu, depois de ouvir o sinal de linha do telefone que estava normal, olhando para a lua minguante, lembrando-me dela. Da nossa primeira noite juntos. Era noite de lua minguante e olhe que coincidência também era dia 23 e também uma terça. Lembro de cada detalhe de seu sorriso, sua boca, seu olhar, seu corpo, suas mãos, sua pele... Decido caminhar pelo quarto, o relógio já marcava três e meia da manhã quando de repente o chão começa a tremer. Amedrontado me afasto de todos os móveis do quarto. Será um terremoto? O chão afunda e vai caindo e com ele eu também, mas sua velocidade é maior que a gravidade que me puxa para baixo, o chão descendo e eu acompanhando, mas vejo cada vez ele mais longe de mim, ai que medo, já imagino a qualquer momento ele parar de cair e eu cair sobre ele como uma melancia que cai duma mesa e se espalha por toda parte em vários pedaços. O coração palpita mais forte, aumenta a ânsia de aquilo passar logo, ter um fim. Rezo a Deus para eu morrer logo do coração para não me ver cair e nem sentir a imensa dor que sentirei, ah. Ao meu redor só escuridão e poeira. Tudo isso é culpa dela! Tudo isso é culpa dela! Não consigo ver, mas sinto que o chão e o fim estão próximos, palpitação, calafrios, arrepio, gritos... Ahhh. O que é aquilo? Uma luz? Está esquentando. É o fim. É fogo. Amandaaaaaaaaaaaaaa. Acordo todo molhado de suor. No relógio ainda são 10 horas e vinte e cinco minutos desta noite de segunda feira, dia 22. Ave, mais uma noite. Sem ela.

domingo, 28 de junho de 2009

UMA VARIAÇÃO DO AMOR


Em uma cidade qualquer, dois rapazes namoravam, mesmo sabendo que aquilo era ''errado'' para a sociedade, eles não deixavam de demonstrar o melhor sentimento que existe, o AMOR.

Os dois sempre prometiam ficar juntos. E começaremos em um desses dias.

Os dois garotos, um moreno e o outro branco, estavam caminhando em um imenso parque.
Um lugar lindo para se andar com qualquer um, imagine com quem se ama.
Quando se viram só, se beijaram, o moreno disse ao branco: - Eu te amo, nunca vou te deixar, quero viver com você o resto de minha vida e ninguém dessa sociedade mediocre vai separar a gente.

Então o tempo se passou e eles sempre assim, namorando as escondidas com medo da sociedade.
Um dia saindo do colégio, vão os dois, em direção ao parque.
Maicol, um de seus não simpatizantes, os segue, para saber o que eles sempre fazem quando vão ao parque. *Como ele sabe que vão ao parque não se sabe, mas ele sempre soube*

Os dois, vão ao final do parque onde geralmente não há ninguém, mas nesse dia há Maicol, escondido entre os arbustos, procurando algo para acabar com a vida de um deles por causa de ódio sem motivo. Maicol não consegue escutar o que dizem, somente os vê.

Então, os dois garotos se olham e o mais negro diz: Terei que ir embora para outro país.
O mais claro diz: Porque? Você disse que sempre ia estar comigo, que ninguém ia separar a gente... Esquece, percebi que ninguém separa a gente, mas uma viagem separa.

O moreno diz: Eu te amo, mas minha mãe está doente, e eu não posso fazer nada, ela precisa ir, e eu não tenho como ficar.

O branco com os olhos cheios de lágrima diz: Você vai voltar? Voltar pra mim? Você vai ficar sempre comigo?

O negro diz: Claro que vou, sempre estaremos juntos.

Então se abraçaram e nesse momento Maicol os achou parecido com algum simbolo que já viu alguma vez.

Os dois se olharam, e se beijaram.
Maicol sorriu, com um olhar maligno em seu rosto. Saiu escondido para que ninguém percebesse.

No outro dia na escola todos se afastavam dos dois amantes, como se eles fossem algo nojento.
No final da aula, ao sairem da escola, mais precisamente, quase em frente ao parque de sempre, foram espancados pelos colegas de turma, que até o dia anterior eram seus amigos, mas não conseguiram compreender algo como o AMOR em uma de suas várias formas.

Os dois não entenderam de primeira, mas após a dor diminuir um pouco, já haviam percebido o motivo, só não sabia como descobriram.

O moreno olhou no fundo dos olhos do outro e disse: Eu vou embora amanhã de manhã, minha mãe ja acertou tudo com a escola. Aqui está um envelope com meu endereço, mande-me cartas para dizer como está.

O branco quase em pranto disse: Obrigado pelo endereço, por favor se cuida, eu te AMO.

Nesse momento o moreno levantou e foi embora, deixando somente o branco, sangrando e chorando. A dor que o branco sentia dos golpes ia acabar, mas a que sentia no peito pelo golpe que o seu namorado fez, jamais iria terminar.

No outro dia, o branco estava sozinho na aula, tudo como de costume, mas sua alma gêmea não estava lá, estava só. Ninguém mais queria sua amizade. Só uma garotinha de aparelhos que pelo que parecia nem sabia o que estava acontecendo.


6 meses se passam.

O moreno está parado em frente a um poste, olhando as horas em seu relógio de pulso.
Após alguns minutos, uma garota chega, muito linda e de pele clara.
Os dois saem de mão dadas, e após alguns passos se beijam, um beijo forte e quente.

O branco está na mesma cidade de sempre, em casa, sozinho, olhando para cima deitado em sua cama e pensa: Tudo muda, tudo passa, tudo se esquece...
Sorri. Sai de casa, vai para uma boate gay, onde fica com quatro garotos em uma só noite.
Ao sair, os colegas de sua turma o pegam em uma rua vazia, o espancam até a morte.
Ao cair morto, sua calça se rasga, e dela sai uma foto. Uma foto do branco com o moreno, abraçados, o branco com um sorriso inigualável e os olhos com uma alegria sem fim.

O moreno chega em casa depois de sair com sua nova namorada. Olha a caixa de correios e vê uma carta do seu ex-namorado branco.
Abre a carta, e lê:
Oi. desculpa mais uma vez a minha carta não ser do formato padrão, mas você sabe, nunca aprendi isso na aula. O que importa para mim não é o formato da carta e sim o que há escrito. Queria muito saber como você está. Minha vida está ótima, já te esqueci, só não sei porque não paro de lembrar disso. Ai Shiteiru.
P.S: Ai Shiteiru significa: até algum dia. Palavra japonesa que aprendi com uma garota da sala, não precisa olhar o que ela significa.
P.S2: Por favor, não perca tempo olhando o que significa Ai Shiteiru.
P.S3: Essa será a ultima que mandarei mesmo, desculpa ter mentido nas ultimas 3.

O moreno rasga a carta, pega no bolso e diz: Droga, perdi minha carteira.

A nova namorada do moreno chega em casa, abre a carteira do moreno que havia pego escondida e pensa: Agora vou saber quem é esse menino que você tanto troca meu nome.

Quando abre a carteira, encontra vários pedaços de papel picado, parecia ter várias palavras escritas. Em meio ao pedaços, um rosto em foto. O rosto do menino branco. Aquele que não existia mais. Que morreu com uma dor tremende e um amor enorme.

Um Amor que o mundo impediu que ocorresse.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

domingo, 7 de junho de 2009

A DESPEDIDA ETERNA



Em um quarto muito colorido, dormia Celina, mas essa, acorda calmamente, e ao despertar real do sono, olha para o calendário, que marca hoje como DIA 14.
Celina levanta rapidamente e nervosa pensa: Hoje é o dia em que Marcus vai embora...Já decidi que não ia fazer nada mesmo, porque me importo tanto com ele? Volta a vista para o teto, e desce para sua mão, olha as linhas enorme que possui nela, e imediatamente levanta e abre a porta de seu quarto. Olha para o quarto em frente, um quarta vazio, possui somente uma cama e guarda-roupas abertos vazios.
- Marcus se foi.

Celina levanta, e ao olhar a janela, percebe que Marcus está entrando em um carro.

- Ele ainda não foi, eu posso impedí-lo.

Celina corre, para em direção da porta da casa, mas o local que o carro está é o oposto da porta. Então resolve pular a janela. Deveria? Uma garota como eu, educada com os melhores modos pular a janela de casa?
Celina corre e pula sem pensar em mais nada, há não ser Marcus. Do outro lado corre em direção ao carro, mas escorrega em uma poça de lama.
Seu vestido mais querido, de seda, estragado, Marcus valia tudo isso? Celina começa a lembrar de 3 anos antes, quando ia tropeçar em uma poça.
Uma Celina criança corria ao redor da casa, com um garoto ao seu lado, ao se desequilibrar e começar a cair, o menino se joga para cair na lama primeiro e a pega em seus braços, para proteger Celina.
Celina volta ao presente, e ao ver seu vestido sujo de lama pensa: Marcus, se você estivesse comigo... E agora está indo embora para sempre!
Celina corre, corre o mais rápido que pode e ao chegar na curva para onde está o carro se choca contra uma árvore, e seu vestido mais querido se rasga.
- Ah não... pai, O vestido que você deu antes de morrer.

Celina começa a se lembrar do enterro de seu pai.

Uma Celina 2 anos mais jovem está chorando sentada em uma cadeira, com um urso ao chão.
Um jovem se aproxima e diz: - Que vestido lindo. Um vestido vermelho, com pedras de rubis, uma combinação perfeito de vermelho com vermelho e ainda por cima, de seda e tão bem feito, e posto em um corpo tão lindo. Você está maravilhosa Celina.
Celina o olha e chorando diz: - Obrigada
O rapaz se aproxima limpa sua lágrima e diz: - Não chore minha menina, se não, eu serei infeliz.
Sei que é uma dor muito grande perder o pai, mas estarei sempre com você.
O rapaz guarda alguma das lagrimas de Celina em um vidrinho transparente.

Celina volta a si, e pensa: - Não vou deixar Marcus ir embora desse jeito, ele não pode me deixar. E com isso corre, ao chegar lá, vê que o carro não partiu.
- Marcus, Marcus...
Um rapaz moreno, com os olhos claros e muito chamativos sai do carro e diz: - O que foi Celina?
- Por favor, não vá, preciso de você aqui.
Celina olha para o chão, e ao voltar a visão para Marcus, ele já não está lá, mas sim seu pai.
- Pai? Cadê Marcus... Pai?
- Minha filha, não o deixe ir embora, só você pode fazer ele mudar de idéia.
- Mas como pai? Onde ele está?
Ao piscar os olhos, Celina vê que seu pai sumiu, e o carro também.
Celina entra em desespero e começa a chorar.

De repente acorda, e vê que está em sua cama. Marcus ainda está comigo, pensa ela.
Suspira de alívio. Olha para o calendário, marca DIA 14. Olha desesperadamente para o quarto a frente, vê tudo vazio, somente uma caixa preta está em cima da cama.
Corre para tentar ver o carro, mas ele não está mais alí.

Marcus se foi.